CW25: Evento discute desafios e oportunidades na construção civil

Com mais de mil inscritos, CW25 se fortalece como maior evento de inovação do setor no Paraná
O mercado da construção civil nacional está aquecido, com alto índice de empregabilidade e produtividade, mas enfrenta três grandes desafios para os quais as empresas e os profissionais atuantes no setor devem olhar com maior atenção: os juros altos, a escassez de mão de obra qualificada e um ambiente regulatório complexo.
A taxa básica de juros fixada a 15% implica juros finais altos tanto para quem produz quanto para quem compra. A Selic no maior patamar desde 2006 impõe dificuldades ao mercado, especialmente para os imóveis com valores entre R$ 600 mil e R$ 1,5 milhão.
Para facilitar o acesso aos financiamentos para essa faixa de preço, o setor atua junto ao governo federal e ao Banco Central no sentido de tornar os juros mais amigáveis.
O problema da falta de profissionais qualificados pode ser resolvido, em parte, com os avanços da tecnologia e da inovação. E em relação à complexidade do ambiente regulatório, a Reforma Tributária irá exigir preparo do setor para lidar com as mudanças que virão. A reforma deverá impactar a cadeia de suprimentos, a precificação e o modelo de pagamento. A expectativa é que a reforma entre em vigor a partir de 2026.
Os desafios e as oportunidades que se apresentam para o mercado da construção civil fomentaram as discussões durante a 7ª edição da Construtech Week, evento voltado à inovação e à inteligência de mercado na construção civil paranaense, realizado em Londrina nesta quinta-feira (2), em parceria entre o Sinduscon Paraná Norte, Sebrae, Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina) e iCON Londrina, governança de inovação na construção civil do Norte do Paraná.
Entre os palestrantes, estiveram o economista e diplomata Marcos Troyjo, ex-presidente do Novo Banco do Desenvolvimento, o “banco dos Brics”, no período de 2020 a 2023. Troyjo abriu o evento falando sobre A Nova Economia Global: impactos sobre o Brasil e a Construção Civil.
Em entrevista à FOLHA, antes do evento, o economista usou a analogia da brincadeira do cabo de guerra para definir o ambiente econômico atual do Brasil.
Troyjo apontou a força do agronegócio, a boa disponibilidade de insumos para a economia verde e a diversificação energética e o grande volume de capital entrando no país para investimentos em infraestrutura como o acertos que “puxam’ o cabo para um lado.

Na outra ponta, porém, o cabo é tracionado pela economia expansionista adotada pelo governo federal, com o aumento dos gastos fiscais e o crescimento da dívida maior que o do PIB (Produto Interno. Bruto) e os juros elevados.
“Isso faz com que uma parte importante dessa expansão fiscal seja absorvida na forma de diminuição dos índices de desemprego e de aumento de renda. Só que quando você compara esses índices com a produtividade da economia, existe um fosso. A economia tem menos produtividade do que o aumento de renda permite”, avaliou Troyjo.
Para equilibrar a equação, só há duas maneiras, apontou o economista. Ou se ataca a parte fiscal, reduzindo os gastos, ou a autoridade monetária precisa baixar a liquidez da economia mediante o preço bastante elevado do dinheiro.
“Se você me perguntar se eu vejo uma perspectiva de mudança do governo dessa tendência, diria que não. O que pode acontecer é que, em 2027, uma correção seja necessária e ocorra uma pressão sobre os ativos brasileiros tão grande que o governo se veja forçado a reduzir gastos. Se isso não acontecer, pode haver uma correção de mercado que, entre outras características, teria um reflexo de depreciação da moeda brasileira.”
No segundo trimestre de 2025, o PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil recuou 0,2%. Foi o segundo período consecutivo de desaceleração. Mesmo com o indicador negativo, o presidente-executivo da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Fernando Guedes Ferreira Filho, avalia como uma “desaceleração natural”, mas observa o movimento com atenção. “Houve uma aceleração muito grande nos últimos anos e o produto da construção civil é de maturação longa. O que foi lançado em 2023 está entrando no mercado para venda em 2025”, disse Guedes, que também integrou o time de palestrantes. “Mas obviamente a gente tem um ponto de atenção porque essa situação natural vem junto com a questão dos juros altos, de perspectivas econômicas, questões fiscais, que a gente precisa entender como isso vai ser endereçado para dar mais confiança às empresas e às famílias para investir.”
A presidente do Sinduscon Paraná Norte, Célia Catussi, ressaltou a consolidação do evento como fonte de discussões relevantes para a construção civil, tanto para os profissionais que trabalham no setor como para os empresários que investem nesse mercado. "Trouxemos o que tem de mais recente em termos de economia, análise política, a reforma tributária voltada ao setor, as tendências de mercado de luxo, de industrialização e de tecnologia. A ideia é fortalecer a informação e fazê-la chegar ao público do Norte do Paraná."
Fonte: Folha de Londrina
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